Os empresários do setor de diversão, como bares, boates, salões de festas, danceterias, etc. Precisam entender alguns conceitos básicos dos fenômenos acústicos para poder adotar soluções adequadas de vedação acústica. O principal motivo de interdição de um local destinado a manifestações culturais noturnas tais como shows ao vivo ou bailes é a ausência de uma boa vedação acústica do ambiente que permita respeitar os limites de ruído definidos na legislação em vigor. Em alguns municípios, há a necessidade de realizar a vedação acústico de um estabelecimento comercial de lazer noturno tal como um bar, um restaurante ou uma danceteria, pois há a proibição de utilizar aparelhos sonoros após 22:00 horas. Na maioria das cidades, um bar somente poderá funcionar com som interno entre as 22h00 e as 24h00, um restaurante até as 02h00 e uma discoteca entre as 21h00 e as 04h00, se o estabelecimento tem meios de vedação do som interno. Assim, a preparação acústica de um ambiente deve sempre ser realizada com a dupla preocupação de melhorar a qualidade acústica interna e eliminar a poluição sonora externa, limitando o vazamento do som no ambiente externo.

Importante entender, então, que o ruído é definido como um som ou um conjunto de sons frequentes e desagradáveis ao ouvido e o barulho é definido como um som estrepitoso ou seja como um som em que há grande ruído. Dessas duas definições, pode observar o caráter altamente subjetivo do ruído e do barulho. Um som alto pode ser prazeroso para alguns e ruído ou barulho para outros. O importante em qualquer sistema de isolação acústica não é de eliminar completamente o vazamento do som e sim de eliminar a poluição sonora. Algumas leis estaduais consideram prejudiciais à saúde, à segurança ou ao sossego públicos quaisquer ruídos que atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de som superior a 10 (dez) decibéis – dB(A) acima do ruído de fundo existente no local, sem tráfego e independentemente do ruído de fundo, atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível sonoro superior a 70 (setenta) decibéis – dB(A), durante o dia, e 60 (sessenta) decibéis – dB(A), durante a noite. Ou seja, a poluição sonora pode ser definida como um ruído que se encontra acima do limite permitido pela lei em determinados horários.

O som é uma onda produzida por um suporte mecânico. Ele é um fenômeno vibratório. Na fonte o ambiente é deformado (por um choque, uma compressão etc.) e em aplicação do fenômeno de elasticidade a deformação é transmitida as moléculas vizinhas. O som é um fenômeno vibratório sem transporte de matéria. A deformação se propaga no ambiente em ondas chamadas “sonoras” ou “acústicas”. A propagação do som é também uma propagação de energia mecânica. A quantidade de energia transmitida por unidade de superfície é chamada de intensidade da onda sonora. Ou seja, a intensidade é uma potencia por unidade de área.

A intensidade é uma noção relativa e pode ser, portanto mensurada de várias formas. A forma moderna de mensurar a intensidade do som é o decibel (dB). As condições de propagação das ondas sonoras dependem da natureza, da temperatura e da pressão do ambiente exposto. Em espaço aberto e em temperatura ordinária, o som se propaga a 334 metros por segundo com temperatura de 20ºc. Com vento, o som se propaga com maior facilidade, já que o vento propaga as vibrações do ar. Na água a velocidade de propagação do som e acelerada, ele se propaga a 1500 metros por segundo. Nos corpos sólidos o som se propaga sob a forma de vibrações. Quanto maior a intensidade do som, maior é a sua capacidade de provocar vibrações do ambiente vizinho. Materiais densos e pesados oferecerem maior resistência às vibrações, com exceção dos metais.

Por este motivo, eles se tornam bons materiais de isolamento acústico já que eles conseguem amortecer e dissipar a energia sonora. A onda sonora é acelerada nos metais. Por exemplo, no aço e no alumínio o som se propaga a uma velocidade de mais de 5000 metros por segundo. O som tem tendência a subir, portanto, ele se propaga menos na horizontal que em ângulo orientado para acima. O isolamento acústico, ou seja, a vedação de um ambiente, não deve ser confundido com o tratamento acústico que diz respeito à atenuação do fenômeno de reverberação interna do som num determinado ambiente.

NBR 10152 de 12/1987 – Níveis de ruído para conforto acústico fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. O método de avaliação recomendado, baseado nas medições do nível sonoro dB(A), é dado na norma. Todavia, a análise de frequências de um ruído sempre é importante para objetivos de avaliação e adoção de medidas de correção ou redução do nível sonoro. Assim sendo, incluem-se na figura várias curvas de avaliação de ruído (NC), através das quais um espectro sonoro pode ser comparado, permitindo uma identificação das bandas de frequência mais significativas e que necessitam correção. Já a NBR 12179 de 04/1992 – Tratamento acústico em recintos fechados fixa os critérios fundamentais para a execução de tratamentos acústicos em recintos fechados. O isolamento acústico de um local diz respeito à vedação de um ambiente em relação ao vazamento de ruídos internos para o ambiente externo. A poluição sonora não é uma fatalidade e é possível lutar contra o fenômeno com a adoção de uma solução adequada de isolamento acústico. Ele tem como objetivo evitar a propagação do som do ambiente interno para o ambiente externo.

Para realizar um bom isolamento acústico três princípios básicos devem ser considerados. A lei do peso: quanto mais pesado, melhor a capacidade de isolamento acústico. Com espessura idêntica, um muro de concreto tem melhores propriedades acústicas que um muro de gesso, porque é mais pesado por unidade de volume. A lei massa-mola-massa: combinando alguns materiais, é possível aplicar o principio da lei “massa-mola-massa” (principio de “masse-ressort-masse” em francês). Dois corpos sólidos são separados por uma mola que pode ser ar ou um material absorvente. Quando o som bate no primeiro corpo solido, este começa a oscilar. A mola entre os dois corpos amortece as vibrações até o segundo corpo sólido. A espessura e a qualidade da mola representam os fatores críticos da solução acústica. A lei da vedação: outro principio fundamental é o principio da vedação. Onde o ar passa o som passa! Portanto, para conseguir vedar um ambiente é necessário ter uma boa solução de renovação e refrigeração do ar.

De forma simplificada, é possível dizer que a única solução para o isolamento acústico de um ambiente é a construção de uma barreira que impeça a onda sonora de se propagar de um ambiente a outro. Quanto mais pesada for a barreira acústica: concreto, vidro, madeira densa e pesada, maior será a eficácia do isolamento acústico. Cada tipo de material possui uma característica própria, no que se refere a isolamento acústico, dependente da sua densidade e também de sua espessura. Qualquer material bloqueia uma porção da transmissão do som, mas efetivamente, os materiais de alta densidade são melhores nesse aspecto do que os materiais leves. As janelas representam sempre um ponto fraco num projeto de isolamento acústico de um ambiente. No caso de janelas voltadas para o exterior, a melhor solução é eliminá-las definitivamente, fechando-as com alvenaria. Caso isso não seja possível, então é necessário transformá-las em janelas especiais, com vidros mais espessos (preferencialmente duplos) e vedações eficientes.

O tratamento acústico interno de um ambiente será feito com três principais diretrizes: o controle da fonte sonora, a limitação dos riscos de vazamento do som para o ambiente externo e o tratamento da qualidade sonora interna. O controle da fonte sonora interna é a medida mais simples e econômica de ser implementada. A medida consiste em calibrar o volume do aparelho de som durante os preparativos do evento de forma a respeitar os limites da legislação em vigor (60 decibéis para um evento noturno e 70 decibéis para um evento diurno). Existem também outras formas simples de controlar a fonte sonora. Por exemplo, o fato de pendurar as caixas de som nas paredes do local limita a propagação das vibrações nas paredes e, portanto o vazamento do som para o ambiente externo. A orientação das caixas de som deve também ser analisada. E importante evitar orientar as caixas de som para os locais com maior risco de vazamento (janelas por exemplo).

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